Travessia PETROPOLIS x TERESOPOLIS
O FOME DE TRILHA realizou nos dias 21, 22 e 23 de outubro de 2016, a Travessia PETRÓPOLIS x TERESÓPOLIS, com José Otávio. Esta travessia corta de sentido oeste para leste o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO), e é considerada por muitos como a caminhada mais bonita do Brasil, sendo percorrida normalmente em três dias (há quem faça em duas ou até mesmo em uma) no sentido de Petrópolis para Teresópolis, devido à maior facilidade e ao fato de que se vê a vista da Serra dos Órgãos de frente, além de atravessar uma região belíssima de reserva de mata atlântica, com uma flora riquíssima, diversos vales, serras e formações rochosas que impressionam pelas suas belezas. Este foi o primeiro evento de travessia do FOME DE TRILHA da qual teve duração de 3 dias seguidos e também o primeiro evento realizado fora da região metropolitana do Rio de Janeiro, uma vez que o PARNASO localiza-se na Região Serrana do Estado do RJ.
Registro da travessia via GPS no Wikiloc:
O grupo composto por 14 integrantes reuniu-se na Rodoviária Novo Rio, em São Cristóvão, Rio de Janeiro (RJ) por volta das 06:00 partindo numa van rumo a Sede do PARNASO na localidade de Bonfim, em Corrêas, Petrópolis (RJ). O grupo chegou a sede do parque por volta das 08:30, e após preencher e assinar toda a documentação de praxe da adminstração do parque e cada membro se preparar com relação aos seus equipamentos, o grupo iniciou a caminhada por volta das 10:00. Como o trajeto foi longo, dividiremos o relato por cada dia:
Grupo reunido na entrada do parque em Petrópolis (RJ)
1º DIA - 21/10/2016: PETRÓPOLIS x CASTELOS DO AÇU
Trecho considerado de nível pesado, apesar de ser curto (pouco mais de 7 km de extensão) possui grande variação altitudinal (1.100m de altitude a partir da portaria do parque até 2.245m no Açú). Após os 3 primeiros kms de caminhada, o grupo chega a sua primeira parada: a Cachoeira Véu de Noiva, com seus exuberantes 32 metros de queda d’água e uma piscina natural que torna indispensável um banho. Após registro de várias fotos e muito banho, o grupo se reuniu e continuaram a caminhada.
Mais alguns kms a frente, o grupo atingiu a Pedra do Queijo. Além do local proporcionar um bom descanso, possui também um mirante com vista panorâmica para o Vale do Bonfim e os picos da Alcobaça, do Alicate e outras montanhas de Petrópolis.
Mais 1 km a frente, o grupo chegou ao AJAX, localizada no pé do Morro do Açu, com fonte de água ideal para abastecer. O grupo se abasteceu e seguiu caminho, iniciando um trecho de subida mais íngreme e puxada, em direção ao Morro do Açu, já encoberto por nuvens. O grupo atravessou o Alto da Isabeloca (nome dado em homenagem a uma suposta passagem pelo local da princesa Isabel em lombo de mulas), até chegarem ao Chapadão do Açú, que é o local mais plano da travessia e onde também é possível avistar os Castelos do Açu.
O grupo seguiu caminhando por entre as nuvens, pelo morro do Açu, até chegarem finalmente aos Castelos do Açu, interessante formação rochosa cheia de reentrâncias onde é possível se abrigar da chuva e do vento. Próxima aos Castelos do Açu, existe um dos dois abrigos de montanha do PARNASO, e uma área de camping adjacente, onde o grupo montou acampamento para seu primeiro pernoite da travessia.
Grupo reunido no início da trilha
Cachoeira Véu de Noiva
Cachoeira Véu de Noiva
A caminho para a Pedra do Queijo
Parada para descanso
Parada para descanso
Vista panorâmica da Pedra do Queijo
Vista da Pedra do Queijo
Seta indicando o caminho a ser seguido
Chegada do grupo no abrigo do Castelos do Açu
Nos Castelos do Açu
2º DIA - 22/10/2016: CASTELOS DO AÇU x PEDRA DO SINO
Trecho de nível pesado, localizada na parte de maior altitude da travessia (acima de 2000 metros), sendo quase frequente a ocorrência de neblinas, o que torna o trajeto de difícil orientação (recomenda-se a presença de guia experiente, pois o índice de pessoas que se perdem neste trecho é alta, segundo informações do PARNASO). Neste trecho, a vegetação é formada por campos de altitude, formação vegetal de pequeno porte que, no Estado do Rio de Janeiro, só ocorre na Serra dos Órgãos, em Itatiaia e no Parque Estadual do Desengano (PED).
Após longa noite de descanso, alguns em suas barracas e outros no próprio abrigo, todo o grupo despertou em meio a uma manhã cinzenta com uma chuvinha de leve, nos arredores dos Castelos do Açu. Após desmonte das barracas e abastecimento das garrafas d'agua, todo o grupo partiu por volta das 8:00, rumo a mais um dia de aventura e muita caminhada, rumo a Pedra do Sino. Devido ao tempo encoberto, o grupo não pôde ir conhecer os Portais do Hércules, uma espécie de mirante na beira das vertentes mais inclinadas da Serra dos Órgãos, com bela visão do vale da Morte.
Durante o percurso, o tempo estava muito encoberto, foi preciso muita atenção de todo o grupo, dado a dificuldade de orientação para percorrer a trilha em meio ao intenso nevoeiro. Na parte inicial da caminhada, o grupo atravessou alguns vales, mas parte do grupo ainda fatigados com a caminhada do dia anterior, tiveram muita dificuldade para percorrer o trecho, mas ninguém esmoreceu e continuaram o trajeto.
O grupo passou pelo Vale da Luva, onde tiveram local para abastecer suas águas e em seguida subiram o Morro da Luva, em superfície rochosa, e sem nenhuma vista panorâmica devido ao nevoeiro. E após a Cachoeirinha, o grupo chegou ao Elevador. Este local é um caminho vertical de cerca de 30 metros, com alguns degraus. Após transpor o "Elevador", o grupo seguiu descendo até o Vale das Antas. Neste vale, estão outras nascentes do Rio Soberbo e o local tem água o ano inteiro, perfeito para o grupo abastecerem suas águas.
Após mais uma subida íngreme, o grupo chegou ao Dorso da Baleia, em frente à vertente da Pedra do Sino, e após este trecho, o grupo iniciou a descida para o Vale da Morte, que nada mais é do que uma grota, onde é preciso bastante atenção na descida, com alto risco de queda. Todo o grupo conseguiu descer essa perigosa depressão rochosa, em corda, com toda a segurança possível e após, seguiram rumo a subida a Pedra do Sino, chegando 10 minutos após, ao outro local conhecido como Cavalinho, considerado o trecho mais perigoso de toda a travessia. José Otávio, que liderava o grupo, seguiu a frente para amarrar a corda e ajudar um por um do grupo a subir este trecho.
Após tranpor o Cavalinho, o grupo teve de encarar uma escalaminhada até uma escada de ferro, e após, o grupo seguiu por uma estreita trilha que contorna a Pedra do Sino até encontrar uma outra trilha de subida para o cume, porém, o grupo preferiu ir em direção ao Abrigo 4 (segundo abrigo de montanha do PARNASO) localizada também na Pedra do Sino. Todo o grupo chegou ao abrigo por volta das 15:00, montaram suas barracas, tomaram banho, se alimentaram, e após, seguiram em direção a Pedra da Baleia, que fica ao lado da Pedra do Sino, porém, sem nenhuma chance de visibilidade devido ao intenso nevoeiro. A noite, o grupo todo de volta ao camping do abrigo, se reuniram para interação e estreitar laços de amizades, até as 22:00 onde todos se recolheram para mais uma noite de descanso.
A caminho para Pedra do Sino
Nas proximidades do Vale da Morte
Grupo subindo o famoso "Elevador"
Grupo subindo o "Elevador"
Grupo subindo o "Cavalinho"
E mais escalaminhadas pela frente
Chegada ao abrigo 4 na Pedra do Sino
Grupo reunido no Abrigo Quatro, na Pedra do Sino
Montagem de barracas na área de camping
no entorno do Abrigo Quatro, na Pedra do Sino
Fachada do Abrigo Quatro, na Pedra do Sino
3º DIA - 23/10/2016: PEDRA DO SINO x TERESÓPOLIS
Às 6:00 da manhã, todo o grupo se levantou e foram em direção a Pedra do Sino, esta por sua vez, possui aproximadamente 2.275 metros de altitude, é o ponto culminante do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (e também de toda a travessia) e é um local muito procurado por montanhistas e alpinistas para a prática de diversos esportes e atividades turísticas. No cume da Pedra do Sino a visão é espetacular! De suas várias plataformas de observação, o cume da Pedra do Sino oferece uma visão panorâmica incrível de toda região. Do topo, avista-se a Baía de Guanabara e a cidade do Rio de Janeiro, além de outros picos do próprio Parque Nacional da Serra dos Órgãos, como o Dedo de Deus, Dedo de Nossa Senhora, Escalavrado, além de outros picos em Friburgo, como os Três Picos e o Caledônia, e as Agulhas Negras em Itatiaia. Se o tempo estiver bem limpo, é possível até ver o Pão de Açúcar, a Pedra da Gávea e o morro do Corcovado na cidade do Rio de Janeiro.
Infelizmente devido ao mau tempo e a intensa neblina, todo o grupo ficou sem poder ver a belíssima e vislumbrante paisagem que só quem já foi ao local pode descrevê-la melhor. Todos retornaram ao camping para desmonte das barracas, alimentação e abastecimento de água... E após tudo isso, partiram por volta das 10:00 rumo ao final da travessia, rumo a Teresópolis. Este trecho tornou-se um pouco mais tranquilo para todo o grupo, em comparação aos trechos dos dois últimos dias que os mesmos encararam, já que seria só descida, e boa parte feita em zigue-zague. Ao longo do percurso, a estrutura da vegetação começa a mudar, sendo substituída de forma gradativa, da vegetação típica de campo de altitude localizados acima de 2.000 metros, para uma mata nebular, com grande quantidade de bromélias e orquídeas. Mais a frente, a trilha torna-se sombreada, já com a típica mata atlântica e assim segue até o final dela.
Galera reunida no alto da Pedra do Sino
Galera reunida no alto da Pedra do Sino
Galera reunida no alto da Pedra do Sino
Vista parcial do alto da Pedra do Sino
Grupo se preparando rumo a Teresópolis
Grupo reunido em frente a fachada ao Abrigo Quatro, na Pedra do Sino
E às 13:00 de domingo, o grupo chegou ao final da travessia, na Avenida Rotariana (entrada do PARNASO), no Centro de Teresópolis, totalizando aproximadamente 33 kms percorridos em 3 dias, e apesar das dificuldades, todo o grupo tiraram deste evento uma grande experiência de vida, assim como tiveram o privilégio de caminhar por trilhas de todos os níveis de dificuldades, por entre as belíssimas montanhas que formam a Serra dos Órgãos... E assim foi finalizada mais um evento realizado pelo FOME DE TRILHA!
Galera FOME DE TRILHA reunida no final da travessia, em Teresópolis,
com sentimento de satisfação de dever cumprido... PARABÉNS A TODOS!
Texto: José Otávio (relato) e Ricardo D. Santos (edição)
Fotos: José Otávio
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